Pensamento 06 27

13º Domingo do Tempo Comum (C)
Lc 9,51-62: Homilia de Santo Agostinho (Sermão 100,1,2 . 2,2)

“Nosso Senhor Jesus Cristo, ao destinar o Evangelho para os homens, não quer que se interponha escusa alguma da piedade carnal e temporal, coisa que, sem dúvida, a lei de Deus também preceitua – e o próprio Senhor acusou os judeus que anulavam o mandamento de Deus. Igualmente o Apóstolo Paulo pôs em sua epístola: Este é o primeiro mandamento que vem acompanhado de uma promessa. Qual? Honra teu pai e tua mãe (Ef 6,2). Não há dúvida de que Deus o tenha dito. Esse jovem queria, pois, obedecer a Deus e sepultar o pai: um lugar, tempo e coisa que se hão de submeter, porém, àquela outra coisa, tempo e lugar.
Há de se honrar o pai, mas há de se obedecer a Deus; há de se amar o progenitor, mas há de se antepor o Criador. Eu – diz Jesus – te chamo para o Evangelho, és-me necessário para outra tarefa: obra mais importante do que a que queres fazer. Deixa que os mortos enterrem os seus mortos (Lc 9,60). Teu pai morreu: há outros mortos que podem enterrar os mortos…
Ensinou-nos o Senhor o que está escrito no Cântico dos Cânticos, e que a Igreja diz: Ordenai para mim o amor (cf. Ct 2,4). O que significa isso: ordenai para mim o amor? Estabelecei uma escala e dai a cada um o que lhe for devido. Não submetais o anterior ao posterior. Amai os pais, mas anteponde Deus aos pais. Contemplai a mãe dos Macabeus: Filhos, não sei como aparecestes em minhas entranhas (2Mc 7). Pude conceber-vos, dar-vos à luz, não pude formar-vos. Ouvi, pois, a Deus, anteponde-o a mim, não vos importe que eu fique sem vós. Ela o disse e os filhos lhe obedeceram. O que a mãe ensinou aos filhos, isso mesmo o Senhor Jesus Cristo ensinava àquele a quem dizia: Segue-me”.

(Trad. de Luciano Rouanet, oar)